Estamos a alguns meses das eleições municipais. No dia 07/10/2012,
estaremos novamente escolhendo aqueles que representarão nossos interesses,
ideais, visão de mundo, idéia de sociedade, etc. Escrevo isso aqui, pois penso
que podemos determinar o dia de hoje como um marco de reflexão.
Refletir sobre a forma pela qual estamos atuando na sociedade, como nos
inserimos (ou não) no cenário político e social, lembrar e avaliar os votos
anteriores e projetar as próximas eleições.
Sempre tivemos dificuldades em compreender e aceitar aquelas pessoas que dizem
que não gostam de política, ou que não se envolvem com política. Lamentos
informar meus amigos, mas o fato de não gostar de política (que imaginamos
tratar-se da política partidária) não tem o condão de retirá-los do convívio
cotidiano da política. É impossível, em um ambiente democrático, não se
envolver com a política. Exagerando para entender: tudo é política.
Cotidianamente estamos cercados de fatos e atitudes que tem relação direta com
a política. Não tem saída.
De outra forma, vejo aqueles que imaginam que com essa postura terão a
possibilidade de se eximir de suas responsabilidades como cidadão. A cidadania
está intimamente ligada à noção de direitos e deveres. A própria definição
de direitos, pressupõe a contrapartida de deveres. Quem vive em sociedade,
necessariamente, tem seu direito garantido a partir do cumprimento dos
deveres dos demais componentes dessa mesma sociedade. Não tem outro jeito.
Portanto meus amigos, a não ser que tenhas a aspiração de se tornar um ermitão,
terás que se envolver na política, ou seja, no convívio em sociedade, o
que se faz, no nosso modelo atual, através dos representantes eleitos pela
coletividade. Isso significa dizer que transferimos a maior parte de nossas
decisões coletivas a essas pessoas a quem confiamos (grifei)
nosso voto.
A partir
dessa definição, vemos claramente que a decisão a ser tomada daqui a alguns
meses não é fácil, já que determinará de que forma orientaremos nossa ação pelo
menos nos próximos quatro anos.
Infelizmente,
essa tendência de discurso legitimador da desresponsabilização, que insistimos
em vociferar pelas mesas dos bares, é crescente. Para nós, a pior tendência de
todas é uma combinação de assertivas que tem um potencial catastrófico
importante.
Dizemos
insistentemente que os políticos são corruptos e que não têm qualquer
alternativa a eles e, ao mesmo tempo, nos desoneramos da responsabilidade pela
atuação política dessas mesmas pessoas, justificadas pelo argumento dessa
característica essencial dos agentes políticos, qual seja, a corrupção. Não temos
a intenção de dizer que não há corrupção no nosso país, mas afirmo, sem medo de
errar, que cada vez que nos utilizamos desse combinado argumentativo ela só faz
aumentar, pois não há ninguém mais interessado em um eleitor conformado do
que um político corrupto.
Por que
motivo, afinal, no Brasil votamos em candidatos totalmente divorciados de
qualquer histórico de atuação política ou social junto às comunidades? Votamos no
mais bonito, na mais gostosa, no craque do time, no cantor famoso, no ator de
novela. Não é que não possamos votar neles, mas o pressuposto que nos faz votar
em alguém não pode ser outro do que a forma de atuação dessa pessoa (e seu
partido político) na sociedade, ou, pelo menos, o projeto de atuação na
sociedade que esta mesma pessoa nos oferece. O problema é que preferimos não
saber de nada disso, pois assim é mais fácil se queixar depois e dizer que foi
enganado ou que não era nada disso que esperávamos. Ora, se nem mesmo conheço o
projeto de sociedade do candidato a quem confio meu voto, como posso ali na
frente cobrar a sua prática?
Portanto, convidamos a todos a refletir os nossos
últimos votos, lembrar as expectativas que tínhamos avaliar se foram cumpridas,
se sim ou se não, entender o porquê e não deixar de refletir profundamente
sobre o que realmente queremos de nossa sociedade, de que forma queremos e
podemos interferir em seus processos, para que daqui há alguns meses, estejamos
preparados para votar melhor.
Fonte: http://blogorreiadesvairada.blogspot.com