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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Política e Cidadania


Estamos a alguns meses das eleições municipais. No dia 07/10/2012, estaremos novamente escolhendo aqueles que representarão nossos interesses, ideais, visão de mundo, idéia de sociedade, etc. Escrevo isso aqui, pois penso que podemos determinar o dia de hoje como um marco de reflexão. Refletir sobre a forma pela qual estamos atuando na sociedade, como nos inserimos (ou não) no cenário político e social, lembrar e avaliar os votos anteriores e projetar as próximas eleições. 

Sempre tivemos dificuldades em compreender e aceitar aquelas pessoas que dizem que não gostam de política, ou que não se envolvem com política. Lamentos informar meus amigos, mas o fato de não gostar de política (que imaginamos tratar-se da política partidária) não tem o condão de retirá-los do convívio cotidiano da política. É impossível, em um ambiente democrático, não se envolver com a política. Exagerando para entender: tudo é política. Cotidianamente estamos cercados de fatos e atitudes que tem relação direta com a política. Não tem saída.

De outra forma, vejo aqueles que imaginam que com essa postura terão a possibilidade de se eximir de suas responsabilidades como cidadão. A cidadania está intimamente ligada à noção de direitos e deveres. A própria definição de direitos, pressupõe a contrapartida de deveres. Quem vive em sociedade, necessariamente, tem seu direito garantido a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes dessa mesma sociedade. Não tem outro jeito. Portanto meus amigos, a não ser que tenhas a aspiração de se tornar um ermitão, terás que se envolver na política, ou seja, no convívio em sociedade, o que se faz, no nosso modelo atual, através dos representantes eleitos pela coletividade. Isso significa dizer que transferimos a maior parte de nossas decisões coletivas a essas pessoas a quem confiamos (grifei) nosso voto.
   
A partir dessa definição, vemos claramente que a decisão a ser tomada daqui a alguns meses não é fácil, já que determinará de que forma orientaremos nossa ação pelo menos nos próximos quatro anos.
   
Infelizmente, essa tendência de discurso legitimador da desresponsabilização, que insistimos em vociferar pelas mesas dos bares, é crescente. Para nós, a pior tendência de todas é uma combinação de assertivas que tem um potencial catastrófico importante.

Dizemos insistentemente que os políticos são corruptos e que não têm qualquer alternativa a eles e, ao mesmo tempo, nos desoneramos da responsabilidade pela atuação política dessas mesmas pessoas, justificadas pelo argumento dessa característica essencial dos agentes políticos, qual seja, a corrupção. Não temos a intenção de dizer que não há corrupção no nosso país, mas afirmo, sem medo de errar, que cada vez que nos utilizamos desse combinado argumentativo ela só faz aumentar, pois não há ninguém mais interessado em um eleitor conformado do que um político corrupto.
   
Por que motivo, afinal, no Brasil votamos em candidatos totalmente divorciados de qualquer histórico de atuação política ou social junto às comunidades? Votamos no mais bonito, na mais gostosa, no craque do time, no cantor famoso, no ator de novela. Não é que não possamos votar neles, mas o pressuposto que nos faz votar em alguém não pode ser outro do que a forma de atuação dessa pessoa (e seu partido político) na sociedade, ou, pelo menos, o projeto de atuação na sociedade que esta mesma pessoa nos oferece. O problema é que preferimos não saber de nada disso, pois assim é mais fácil se queixar depois e dizer que foi enganado ou que não era nada disso que esperávamos. Ora, se nem mesmo conheço o projeto de sociedade do candidato a quem confio meu voto, como posso ali na frente cobrar a sua prática?
  
Portanto, convidamos a todos a refletir os nossos últimos votos, lembrar as expectativas que tínhamos avaliar se foram cumpridas, se sim ou se não, entender o porquê e não deixar de refletir profundamente sobre o que realmente queremos de nossa sociedade, de que forma queremos e podemos interferir em seus processos, para que daqui há alguns meses, estejamos preparados para votar melhor.

Fonte: http://blogorreiadesvairada.blogspot.com

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