Por Damiane Arruda
Diretora geral do Colégio Estadual Visconde Itaboraí é ameaçada de exoneração após se recusar a assinar exoneração da diretora adjunta grevista.
Eleita pela comunidade escolar, Eliane Arruda (diretora geral) recusou-se a assinar a exoneração da diretora adjunta grevista e foi ameaçada de exoneração pela coordenadora pedagógica da Regional Serrana I.
Na última sexta-feira (24/09/11) a coordenadora pedagógica da Regional Serrana I compareceu ao Colégio Visconde de Itaboraí e adotou um procedimento no mínino discutível. Em reunião com a diretora geral da escola, Eliane Arruda e mais três testemunhas, a coordenadora afirmou que a mesma seria exonerada. O motivo teria sido a sua recusa em assinar a solicitação de exoneração da diretora adjunta Maria de Lourdes Monteiro pelo fato desta ter aderido à recente greve dos profissionais da educação da rede estadual de ensino. A recusa teria ocorrida em outra reunião, realizada anteriormente e devidamente documentada. Em sua fala, a coordenadora disse que na ocasião a diretora geral teria “assinado a sua sentença” ao não assinar o documento.
O caso é de assédio moral e consideramos a atuação da coordenadora antiética para dizer o mínimo. Pressionar alguém para que assine um documento que ataca diretamente uma companheira de trabalho não é compatível com a importante função de coordenadora pedagógica. Tal postura não dignifica o cargo. Como não se trata da primeira investida de um representante do governo do senhor Sérgio Cabral (PMDB) contra diretores grevistas.
Achamos que se trata de uma política deliberada nas altas instância do poder pois isso já ocorreu em algumas escolas em Niterói. Tudo isso a despeito da afirmação pública, em audiência com o SEPE, do Subsecretário de Educação, Antônio Neto de que não haveria perseguições aos grevistas. As lideranças do governo não fazem o serviço sujo diretamente, mas pressionam as direções de escola a fazê-lo.
Quanto ao ocorrido no CEVI, a coordenadora afirmou ainda que o fato da diretora adjunta ter aderido à greve “atrapalhou o processo pedagógico da escola”. Sabemos que não. Pelo contrário, a atitude da diretora adjunta demonstra coragem e serve de exemplo prático de uma pedagogia da liberdade e autonomia do profissional de educação e da escola pública. Já a coordenadora “pedagógica”, em sua fala, atitude e método, no que têm de autoritário, subreptício e inadequado, revela uma pedagogia que “deseduca”.
Para corroborar o que já assinalamos, a coordenadora cometeu ainda outro desacerto ético. Ofereceu a duas das pessoas presentes na reunião, diante da diretora, o cargo de direção geral. As professoras obviamente recusaram a oferta. Isso, a despeito da argumentação da coordenadora de que a gratificação em termos financeiros seria “muito boa”. Mais um constrangimento.
Quanto à tentativa de punir a diretora adjunta grevista e, em decorrência, a diretora geral, cabe informá-la, melhor, educá-la sobre o artigo 9º da Constituição da República Federativa do Brasil: “Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. Todos os procedimentos adotados pela coordenadora, nesta e em outras ocasiões, têm sido informais, raramente documentados.
Devemos lembrá-la que a atuação do estado e logo dos seus representantes deve ser impessoal e formalizada em documentos. Seria inépcia ou efeito da cultura política que elevou a coordenadora à sua posição atual? Achamos que as duas coisas. Em relação à cultura política que perpassa os círculos do poder dentro e fora do estado podemos dizer o seguinte: ela sobrevive nas relações de mando e submissão à autoridade, mesmo que isso vá contra os princípios de organização e funcionamento do ente público; atua ao arrepio da lei e converte o estado e seus cargos em instrumentos de ação a serviço de interesses privados. A coordenadora agride o princípio republicano do bem comum ao exceder às atribuições de seu cargo e adotar uma conduta pessoalista no trato de uma questão pública, a qual envolve toda comunidade escolar do Colégio Estadual Visconde de Itaboraí. A vontade de pais e outros responsáveis, alunos e profissionais da escola deve prevalecer sobre os compromissos políticos que movem o atual governo do estado e sua representante na Coordenadoria Pedagógica Regional Serrana I.
Foi a comunidade escolar que, apesar de todas as pressões, garantiu (e garantirá) a eleição dos diretores do CEVI, em um processo democrático e transparente, fruto de luta e conquista!
Diante do narrado acima, o SEPE e a CEAI (Comunidade dos Estudantes e Amigos de Itaboraí), juntos com a Comunidade Escolar do CEVI realizarão uma manifestação no dia 06 de Outubro, às 19:00 hs, na Praça Marechal Floriano Peixoto, em Itaboraí. Contamos com a participação de todos que defendem uma EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE e DEMOCRÁTICA.
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